Talvez você nunca tenha ouvido falar do idadismo, mas talvez já tenha tomado alguma atitude discriminatória em relação aos idosos ou, se for idoso, já tenha sofrido preconceito na pele.
É o que afirma a Organização Mundial da Saúde, que defende que a sociedade precisa rever seus conceitos no que diz respeito ao envelhecimento. Um relatório recente da OMS diz que a idade tem sido utilizada como único critério para definir uma série de comportamentos e oportunidades, inclusive no contexto da pandemia de Covid-19.
“Conforme os países procuram se recuperar e reconstruir da pandemia, não podemos deixar que estereótipos baseados na idade, preconceitos e discriminação limitem as oportunidades para garantir a saúde, o bem-estar e a dignidade das pessoas em todos os lugares", disse o Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
Na década do envelhecimento saudável (2021 - 2030), estabelecida pela ONU para que todas as pessoas tenham a oportunidade de envelhecer de forma plena, combater o idadismo é um dos pilares para construir uma sociedade mais receptiva aos idosos. Entenda o que é ser anti-idadista:
O que é idadismo
O idadismo nada mais é o do que uma forma de discriminação baseada na idade, na qual as pessoas mais velhas são enquadradas em estereótipos. Acreditar que idosos são frágeis, incapazes, solitários e “esquecidos” são alguns exemplos, assim como deixá-los de lado ou privá-los de oportunidades e experiências.
A expressão “idadismo” é uma tradução para o português do termo em inglês “ageism”, que se refere a avaliações negativas feitas sobre pessoas em relação à sua idade.
A discriminação e intolerância contra idosos está presente em todos os setores da sociedade, como no mercado de trabalho, nos sistemas de saúde, nas atividades comerciais e até mesmo nos seios familiares. Segundo artigo de revisão publicado na Revista Nature, além de prejudicar diretamente a vida das pessoas mais velhas, o idadismo também traz consequências sociais amplas.
Entre as pessoas idosas, o envelhecimento está associado a uma saúde física e mental mais precária, a um maior isolamento social e solidão, assim como maior insegurança financeira, pouca qualidade de vida e morte prematura. Estima-se que 6,3 milhões de casos de depressão em todo o mundo estejam relacionados ao envelhecimento.
Segundo a OMS, o envelhecimento custa bilhões de dólares à sociedade. Isso porque um envelhecimento permeado por estereótipos é, também, um envelhecimento menos produtivo e saudável, o que impacta serviços de saúde física e mental, o mercado de trabalho e o bem-estar dos idosos e suas famílias.
O que é ser anti-idadista?
Ser anti-idadista é combater esses preconceitos relacionados à idade e embarcar na Década do Envelhecimento Saudável, abraçando a causa. Veja alguns estereótipos que devem ser combatidos:
- Atribuir o esquecimento à idade
- Acreditar que as pessoas mais velhas “já tiveram sua vez” e não merecem viver novas oportunidades e experiências
- Acreditar que os mais velhos são solitários
- Acreditar que os idosos estão muito velhos para fazer certas atividades
- Infantilizar o idoso
A OMS destaca que combater o idadismo também depende de políticas e leis que abordam o envelhecimento, assim como de atividades que educam e promovem a empatia com os mais velhos.
O anti-idadismo deve ser cultivado tanto no trabalho e nos estudos, quanto nas relações interpessoais. Além de ser importante para a sociedade e pessoas mais velhas que amamos, combater o idadismo é, na verdade, interesse de cada um. Afinal, todos nós queremos envelhecer de bem com a vida.
Referências:
Organização Mundial da Saúde. Ageism is a global challenge: UN.
Nature. Looking to an anti-ageist future.
Academia Brasileira de Letras. Idadismo.
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