Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, somente em 2016, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou mais de 9 mil internações de gestantes devido à gravidez ectópica, ou seja, que acontece fora do útero. Essa condição caracteriza-se pela implantação do óvulo em qualquer outro lugar do sistema reprodutivo feminino, como o colo do útero e até no peritônio (camada que reveste os órgãos intra-abdominais). O tipo mais frequente é a tubária, ou seja, aquela que ocorre nas tubas uterinas, um outro nome para as trompas de Falópio.
A gravidez ectópica é responsável por 10% de todas as mortes de mulheres que acontecem no período gestacional. Portanto, o diagnóstico precoce é fundamental. O ultrassom transvaginal é um exame determinante para a descoberta do problema, assim como o dosagem hormonal de Beta HCG, que terá níveis inferiores ao normal em caso de gravidez ectópica.
Entre os sintomas, destaca-se a hemorragia com sangramento vaginal durante a primeira metade da gestação. Além disso, também pode ocorrer de a mulher sentir dor na região da pélvis, quase sempre de um só lado, e ter um crescimento irregular do volume uterino. Vale lembrar que a gravidez ectópica se assemelha muito à gestação comum, portanto, náuseas, vômitos e atraso da menstruação estão presentes no início do período gestacional.
As causas do problema são muito diversas, mas um terço de todos os casos surgem devido a infecções, lesões ou cicatrizes cirúrgicas nas trompas – que dificultam a passagem do óvulo fertilizado. Assim, ele se implanta na parede da própria trompa. Veja a seguir fatores de risco comuns:
- já ter tido doença inflamatória pélvica (causada com mais frequência pela infecção sexualmente transmissível por clamídia ou gonorreia)
- ter endometriose nas trompas, o que aumenta o risco de cicatrizes e aderências na região
- já ter sido submetida a qualquer cirurgia abdominal, incluindo retirada do apêndice, cesariana ou operações nas trompas, como o religamento para a recuperação da fertilidade
- gravidez resultante de fertilização in vitro (FIV). Nesses casos, a mulher deve fazer um ultrassom logo no começo da gravidez para verificar onde o embrião se implantou
- ser fumante
- engravidar enquanto estiver usando pílula ou DIU a base de progesterona (também conhecido como SIU). Embora rara, a gravidez nessas condições está associada a uma pequena elevação da ocorrência de gravidez ectópica, segundo apontam estudos. É importante frisar também que o uso de DIU no passado não aumenta os riscos de uma gravidez ectópica.
Tratamento
Como a gravidez fora do útero é inviável, pelas complicações que acarreta tanto para a mãe quanto para o filho, o recomendado é interromper a gestação, com o objetivo de salvar a vida da mulher e preservar a sua fertilidade.
Os métodos dependem do tamanho do saco gestacional. Se ele estiver muito grande, o mais indicado é a laparoscopia, procedimento cirúrgico de retirada do embrião e reparação da trompa danificada. O médico também deve considerar se a retirada de uma das trompas pode ser necessária, sem que haja grande comprometimento da fertilidade da paciente. Se a situação não for de risco considerável para a vida da mãe, indica-se o tratamento medicamentoso, com o objetivo de proporcionar a reabsorção do feto pelo sistema reprodutivo feminino.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Universidade Federal de Minas Gerais - Revista Médica de Minas Gerais - “Gravidez ectópica: abordagem diagnóstica e terapêutica”, 2008.
Revista da Associação Médica Brasileira - “Quais os critérios para tratamento medicamentoso na gravidez ectópica?”, 2006.
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia - “Gravidez ectópica não rota: Diagnóstico e tratamento”, 2008.
Ministério da Saúde - “Manual Técnico - Gestação de Alto Risco”, 2010.
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