Curva de crescimento: como funciona e quais as principais medidas

"5 minutos - 26 de Junho de 2017 - por Equipe Danone Baby

Quando ela faz aquela curva ascendente os pais sorriem, satisfeitos e aliviados. Afinal, está ali a prova de que o filho está crescendo e engordando mês a mês. Mas, como é que nasceu esse parâmetro que avalia as principais medidas do bebê - como peso, tamanho e circunferência cefálica -, e por que crianças com crescimento tão distintos cabem dentro dessa mesma tabela de normalidade? Leia a seguir, todos os detalhes sobre a famosa curva de crescimento e lembre-se de que é na consulta periódica que o pediatra atualiza esses dados.

O que é curva de crescimento?

É um padrão internacional , desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), para acompanhar o crescimento e o estado nutricional das crianças. As curvas são obtidas a partir do cálculo entre a idade da criança e variáveis como o peso, a altura e o perímetro da cabeça. Os parâmetros padronizados possibilitam a avaliação de crianças de qualquer país, independente de etnia, condição socioeconômica e tipo de alimentação. A única variável é o sexo da criança. Como meninos e meninas têm padrões diferentes de crescimento, as curvas são distintas. O objetivo é que problemas como desnutrição, sobrepeso, obesidade e outras condições associadas ao crescimento e à nutrição da criança possam ser detectados e encaminhados precocemente.

Veja, abaixo, as tabelas de curva de crescimento para meninas e meninos:

Como a ferramenta foi construída?

Para estabelecer as curvas, a OMS acompanhou, de 1997 a 2003, 8.500 crianças sadias com idades entre zero e cinco anos. Para que a amostra fosse capaz de representar diferentes grupos étnicos, foram escolhidas seis cidades, de continentes diferentes - Pelotas (Brasil), Davis (Estados Unidos), Muscat (Omã), Oslo (Noruega), Acra (Gana) e Nova Deli (Índia). Isso porque a única forma mais objetiva de avaliar a normalidade é comparar as medidas de cada indivíduo com as de seus pares, isto é, crianças ou adolescentes de mesma idade e mesmo sexo.

Para participar do estudo, as crianças não podiam ser gêmeas e nem terem sido prematuras, serem filhas de mães não-fumantes e amamentadas exclusivamente ou predominantemente com o leite materno até o quarto mês de vida e até ao menos um ano de forma parcial. A lógica é que as curvas descrevam como deve crescer uma criança sadia. Com os resultados, foi possível estabelecer os intervalos de tamanho e peso adequados para cada idade e, consequentemente, os percentis.

Como funcionam os percentis?

A melhor forma de entender os percentis é exemplificar: imagine um grupo de cem meninos saudáveis de seis meses de idade de distintos locais do mundo. A OMS mapeou o mais leve e o mais pesado deles e colocou o peso desses bebês em um gráfico. A partir deles, foi estabelecendo réguas intermediárias, que são chamados percentis. São cinco no total (3, 15, 50, 85 e 97). O percentil 50 significa a conhecida “média”, e daí vem a expressão “está com o peso acima da média”. Mas, de fato, toda essa população está com o peso dentro da considerada “normalidade”. Se um bebê está no percentil 85 em relação ao peso e altura, isso significa que ele é maior e mais pesado que 85% dos bebês de sua idade. Isso não significa, no entanto, que ele seja mais saudável que um bebê no percentil 15. O mais importante é que o bebê tenha uma linha ascendente de crescimento, independente do percentil.

Quando devo me preocupar com a curva de crescimento?

O principal motivo de alerta é a queda de dois ou mais percentis na curva de crescimento. Um bebê que nasceu no percentil 50 e que, aos quatro meses, está no percentil 3, precisa ser avaliado com atenção. Uma criança classificada entre os percentis 3 e 15 requer atenção especial: se a linha de crescimento, no gráfico, for descendente ao longo das consultas ao pediatra, trata-se de um sinal de alerta, já que a criança está próxima de uma situação de baixo peso ou de baixa estatura para idade.

É normal cair um percentil?

Cair um número no percentil é bem normal, principalmente naquela fase após o primeiro aniversário, quando o apetite diminui. É importante também fazer a correlação de medidas. Um bebê que tem o peso no percentil 95 e a estatura no mesmo percentil está com crescimento adequado. Mas, se a estatura estiver no percentil 50, por exemplo, a criança possivelmente estará com sobrepeso.

Quais fatores interferem no crescimento?

Nos primeiros dois anos de vida, a nutrição é o fator que mais interfere no crescimento. A partir dessa idade, os fatores genéticos (como as alturas dos pais) passam a influenciar na determinação da estatura da criança. O crescimento também sofre influência de atividade física, doenças, uso de medicamentos e fatores psicológicos.

Quais as principais medidas?

Os principais fatores avaliados pelas curvas de crescimento são o comprimento, o peso e o perímetro da cabeça. Esse último deve ser acompanhado rigorosamente durante o primeiro ano do bebê. É o perímetro cefálico que permite detectar precocemente várias doenças neurológicas que interferem no crescimento craniano, como a microcefalia e a hidrocefalia. O aumento do perímetro cefálico no primeiro ano de vida é de 2 cm/mês no primeiro trimestre, 1 cm/mês no segundo trimestre e 0,5cm/mês no terceiro semestre.

Todo pediatra preenche essas tabelas?

A orientação do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Pediatria é que as curvas da OMS sejam usadas para o acompanhamento médico do crescimento das crianças. Além do uso no consultório, quando o pediatra costuma mostrar a evolução do bebê aos pais, é importante que a própria família também tenha os registros: esse documento se torna uma espécie de RG da evolução da criança e possibilita o acompanhamento mesmo que em locais diferentes de consulta. No site do Ministério da Saúde está disponível a caderneta de saúde da criança, nas versões para menino e menina. Nela, você terá as curvas para que sejam preenchidas com os dados do seu bebê. No site da OMS há, também, os pesos, tamanho e perímetros cefálicos do nascimentos aos dois anos da criança. Mas, lembre-se, sempre que o acompanhamento periódico deve ser feito pelo pediatra.

Qual o papel das curvas de crescimento nas políticas públicas de saúde?

As curvas com os padrões uniformes de taxa de crescimento esperada permite que os profissionais de saúde façam a identificação precoce de crianças em risco de desnutrição ou sobrepeso, em vez de esperar até que o problema ocorra. Por isso, é fundamental acompanhar o crescimento. As crianças obesas devem ser encaminhadas para gestão especializada e problemas não tão graves podem podem ser tratados com aconselhamento nutricional e indicação de atividade física. Já em circunstâncias de extrema pobreza, a avaliação do crescimento visa a identificar crianças que precisam de intervenções urgentes para prevenir a morte.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ministério da Saúde

Organização Mundial da Saúde

Sociedade Brasileira de Pediatria

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