Mesmo que você não entenda exatamente o que o teste do pezinho detecta, certamente já ouviu falar dele. Mas, além desse, há outros dois menos conhecidos, do olhinho e da orelhinha, que também devem ser realizados o mais cedo possível em bebês recém-nascidos. O objetivo é identificar doenças que podem ser prevenidas ou detectar alguma alteração para evitar sequelas mais graves.
Juntos, os três testes são conhecidos como triagem neonatal e devem, de preferência, ser realizados na própria maternidade. O resultado deve ser entregue ao pediatra já nas primeiras consultas do recém-nascido.
Teste do pezinho (triagem metabólica)
O nome técnico é triagem metabólica e permite a detecção de uma série de doenças como hipotireoidismo congênito, anemia falciforme, fenilcetonúria e fibrose cística. Especialmente no caso das doenças metabólicas congênitas, o diagnóstico e o tratamento precoces reduzem os riscos de sequelas graves, como os problemas de crescimento e retardo mental.
Para fazer o teste, coleta-se o sangue a partir de um furinho no calcanhar: um procedimento quase indolor. Se o resultado for positivo, o teste é repetido para confirmação do diagnóstico.
Desde 2001, uma portaria do Ministério da Saúde obriga que hospitais, maternidades e unidades básicas de Saúde realizem, gratuitamente, o teste em todos os recém-nascidos, de preferência entre o terceiro e o sétimo dias de vida. Nas maternidades particulares, os pais podem encomendar testes ampliados, que detectam um número maior de doenças.
Teste da orelhinha (triagem auditiva)
Você sabia que a deficiência auditiva é a doença mais freqüente em recém-nascidos? Em bebês normais, a surdez varia de 1 a 3 crianças em cada 1.000 nascimentos, já em bebês de UTI Neonatal, acomete de 2 a 6 em cada 1.000 recém-nascidos. É por isso que, desde 2010, é determinado por lei que nenhuma criança saia da maternidade sem ter feito o teste da orelhinha, que é gratuito.
A perda auditiva tem implicações diretas no desenvolvimento, na escolaridade, no relacionamento social e no status emocional. Há trabalhos documentando que crianças com perda auditiva, atendidas precocemente, têm melhor desenvolvimento do que as que recebem cuidados tardiamente (dois a três anos), em relação à fala, linguagem, ganho escolar, autoestima e adaptação psicossocial.
O teste da orelhinha é realizado por meio de um equipamento que emite ondas sonoras no ouvido do recém-nascido e analisa a resposta do ouvido a esse estímulo. Nos casos de não haver resposta, o teste deve ser reaplicado em um mês. A “falha” no teste pode ocorrer por líquido ainda presente no ouvido da criança. Se o resultado do segundo teste confirmar a perda auditiva, os médicos investigarão as causas do problema e o tratamento indicado.
Teste do olhinho (triagem visual)
O teste do olhinho permite a detecção precoce de doenças como como a catarata e o glaucoma congênitos, algumas malformações oculares e determinados tumores, como o retinoblastoma. Além disso, o exame pode detectar traumas oftalmológicos decorrentes do parto, hemorragias e alguns casos de inflamações ou infecções. O teste é tão importante porque pelo menos metade das causas de cegueira ou de grave sequela visual infantil podem ser prevenidos ou tratáveis se forem detectadas precocemente.
O exame é simples, rápido e indolor e consiste na identificação do reflexo vermelho nos dois olhos do bebê, simultaneamente. A presença do reflexo vermelho revela que as principais estruturas internas do olho (córnea, íris, pupila, retina e cristalino) estão transparentes, de forma que a retina seja atingida pela luz. Isso mostra que o recém-nascido está em boas condições.
Se o reflexo vermelho não for visualizado ou se não apresentar boa qualidade, o bebê deve ser encaminhado a um oftalmologista para confirmação do diagnóstico.
Apesar de ainda não existir uma lei federal, muitos Estados brasileiros possuem leis que garantem o "teste do olhinho" em hospitais e maternidades públicas e privadas. No caso de planos de saúde, a Agência Nacional de Saúde (ANS) determina que as operadoras assegurem o procedimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica
Ministério da Saúde
Núcleo de Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria
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