A alergia à proteína do leite de vaca, conhecida como APLV, é a alergia alimentar mais comum durante a infância: estima-se que 2,2% das crianças são atingidas no primeiro ano de vida.
Quem é alérgico ao leite de vaca pode apresentar desde sintomas bem leves, como uma urticária na pele, até reações bem graves, como o choque anafilático (reação alérgica súbita que pode ser fatal). Diante da suspeita de APLV, o bebê deve ser levado ao pediatra para que seja feito o diagnóstico correto e, caso confirmado, já se dê início ao tratamento.
O que é APLV
As alergias alimentares são cada vez mais comuns entre as crianças e são provocadas pela reação do organismo a alguma proteína presente no alimento. Esse nutriente é absorvido pelo intestino, mas causa reações devido à sensibilidade do organismo.
No caso da APLV, a pessoa é alérgica à proteína presente no leite e seus derivados, como queijos, manteiga, requeijão, ricota, iogurte, creme de leite, doce de leite, leite condensado e cream cheese.
O leite de vaca é o principal causador de alergias alimentares em crianças por dois motivos: é muito consumido e tem forte potencial alergênico, pois contém mais de 20 componentes protéicos.
Causas da APLV
Na maioria dos casos, os sintomas da APLV aparecem quando a criança começa a consumir leite de vaca e derivados, mas há também a possibilidade da alergia surgir mesmo em bebês nutridos exclusivamente de leite materno, por conta da alimentação da mãe. Nessas situações é recomendado que a mãe evite o consumo desses alimentos.
Como o organismo das crianças é imaturo, o contato com a proteína do leite pode causar a alergia. Mas ela também pode ser provocada por uma predisposição genética.
No início da doença, o pediatra pode sentir dificuldade de fazer um diagnóstico por conta de os sintomas serem muito similares a outros distúrbios.
Sintomas da APLV
Os sintomas podem ser imediatos e aparecer em até duas horas após a ingestão do leite de vaca. Também podem ser tardios e surgir horas ou dias após a alimentação com leite.
As principais reações imediatas são:
- Choque anafilático
- Urticária aguda
- Angiodema agudo (inchaço repentino sob a pele)
- Sibilos (ruídos semelhantes a um assobio agudo, como em quem tem asma)
- Rinite
- Tosse seca
- Vômitos
- Edema de laringe, notado por rouquidão e dificuldade para respirar
- Asma aguda com desconforto respiratório grave
Sintomas tardios
- Dermatite atópica (coceira e erupções na pele)
- Diarréia crônica
- Fezes com sangue
- Doença do refluxo gastroesofágico
- Constipação
- Déficit de crescimento
- Inflamação dos intestinos com perda de proteínas
Como identificar a APLV
O diagnóstico não é simples. Geralmente, é feito pelo histórico familiar do paciente e pelo conjunto de reações alérgicas já observadas pelos pais.
O pediatra também fará um exame físico, com atenção especial à nutrição. Ele poderá observar:
- A idade que o bebê tinha quando apareceram os sintomas.
- Frequência dos sintomas.
- Sincronismo entre a ingestão e o aparecimento dos sintomas.
- Quantidade de leite necessária para provocar os sintomas.
- Métodos de preparação de leite.
- Intervalo de tempo desde a última reação.
- Evolução do crescimento da criança.
- Detalhes da alimentação, como duração da amamentação e introdução de sólidos na dieta.
Tratamento da alergia à proteína do leite de vaca
Durante o tratamento, a criança que tem APLV deve ter excluídos da sua dieta todos os alimentos que contenham a proteína do leite de vaca. A alergia não é causada pela quantidade ingerida, e sim pela proteína em si. Portanto, até uma pequena quantidade pode causar a reação alérgica.
Muitas vezes, o bebê volta a tolerar a proteína conforme seu organismo se desenvolve. Cerca de 80% das crianças têm a alergia resolvida entre três e cinco anos de idade. Mesmo que a alergia seja resolvida, a reintrodução de alimentos que contenham a proteína do leite deve ser supervisionada pelo médico.
Muitas vezes, o bebê volta a tolerar a proteína conforme seu organismo se desenvolve. Cerca de 80% das crianças têm a alergia resolvida entre três e cinco anos de idade. Mesmo que a alergia seja resolvida, a reintrodução de alimentos que contenham a proteína do leite deve ser supervisionada pelo médico.
O que não pode comer
A criança com APLV não pode comer nenhum alimento que contenha a proteína do leite de vaca, como:
- Leite
- Manteiga
- Iogurte
- Queijo
- Ricota
- Bolos
- Biscoitos
- Chocolate
- Molho branco
- Creme de leite
- Leite condensado
- Cream cheese
- Doce de leite
A atenção deve ser redobrada quando a criança não se alimenta em casa, como na escola e em festinhas infantis. Sempre que os pais ou cuidadores não estiverem presentes, o adulto responsável deve ser informado sobre a condição do pequeno.
o que pode comer
A criança pode comer quaisquers alimentos recomendados pelo médico que não apresentem a proteína do leite ou risco de contaminação cruzada, como carnes, vegetais, frutas, verduras, leguminosas, cereais e grãos.
A dieta da mãe que amamenta
No caso dos bebês em aleitamento materno, o pediatra deve indicar a dieta restritiva à mãe, para que a amamentação não seja interrompida. Isso significa que ela deverá cortar da alimentação todos os alimentos que possuam a proteína do leite de vaca.
Diferenças entre APLV e intolerância à lactose
A alergia ao leite de vaca é uma reação do sistema imunológico a uma proteína alimentar específica e os sintomas podem aparecer não apenas pela ingestão do leite, mas também pelo contato ou cheiro do alimento. Até por isso costuma-se indicar que os utensílios de cozinha usados para preparar as refeições do alérgico sejam separados dos outros.
Já as intolerâncias não envolvem o sistema imunológico. Na intolerância à lactose, a pessoa não produz a lactase, enzima responsável por quebrar o açúcar encontrado no leite e em produtos lácteos (lactose). Como resultado, vai sentir algum desconforto gástrico apenas quando ingerir a bebida ou seus derivados, dependendo da quantidade.
A intolerância à lactose causa sintomas como náuseas, gases, inchaço e diarreia. Embora a intolerância à lactose possa gerar grandes desconfortos, não apresenta perigo como pode ocorrer com a APLV.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Sociedade Brasileira de Pediatria (“Filhos: da gravidez aos 2 anos de idade”)
Revista Médica de Minas Gerais (“Suplemento do consenso sobre alergia alimentar: 2007”)
Revista Brasileira de Imunologia e Imunopatologia (“Guia prático de diagnóstico e tratamento da Alergia às Proteínas do Leite de Vaca mediada pela imunoglobulina E”)
Jornal de Pediatria da SBP (“Food allergy: a practical update from the gastroenterological viewpoint”)
Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo (“Alergia à proteína do leite de vaca - Milena Ribeiro Macitelli”)
Australian Society of Clinical Immunology and Allergy (“Cow’s milk dairy allergy”)
Food Allergy Research & Education (“Milk Allergy”) )
Escrito por Renata Pinotti CRN: 10.886 Nutricionista, Mestra em Nutrição Humana Aplicada pelo PRONUT/USP
Escrito por Renata Pinotti CRN: 10.886 Nutricionista, Mestra em Nutrição Humana Aplicada pelo PRONUT/USP
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