Há dez anos o cenário no Brasil considerava a alergia alimentar como muito rara e poucos profissionais associavam-na aos sintomas apresentados pelos bebês e crianças.
Em contrapartida, atualmente nos deparamos com uma realidade oposta, em que muitos sintomas são diretamente associados à alergia a alimentos, principalmente alergia á proteína do leite, sem necessariamente ser esse o diagnóstico. Apesar de parecer uma boa evolução, os dois extremos são negativos, pois nos deparamos com um número grande de crianças, e até adultos, com restrições alimentares severas sem necessidade.
A alergia alimentar é freqüente principalmente em crianças e precisa ser investigada sempre que houver sintomas sugestivos. Alguns exames podem ser solicitados pelo médico, porém nenhum é capaz de concluir ou descartar a hipótese de alergia alimentar sozinho. Eles devem ser analisados junto com a história clínica e a resposta da criança à dieta de restrição. É importante enfatizar que exames que medem a presença de IgG específica para alimentos (sangue ou saliva) não são indicados para diagnóstico de alergia alimentar. A interpretação desses exames tem sido realizada de forma equivocada e eles não são recomendados pelas principais sociedades médicas internacionais e nacionais na área, apenas a dieta isenta dos alimentos alergênicos seguida do teste de provocação oral (TPO) é capaz de confirmar a suspeita de alergia alimentar.
É necessário considerar que existem muitos tipos de reações adversas a alimentos que não envolvem o sistema de defesa do organismo e por isso não podem ser consideradas alergias. As intolerâncias são um grande exemplo: A intolerância à lactose é decorrente da diminuição ou ausência de lactase, enzima que digere a lactose (açúcar do leite), como a lactose não consegue ser digerida totalmente, a pessoa com intolerância ao consumir alimentos como leite pode apresentar gases, distensão abdominal, dor de cabeça, desconforto gástrico e em alguns casos diarréia. A pessoa com intolerância se beneficia com a dieta, tem remissão dos sintomas com a retirada do leite, mas o diagnóstico não era alergia ao leite, isso precisa ficar claro, pois essas pessoas se beneficiam com alimentos de baixa lactose e que possuem as proteínas do leite como alguns tipos de manteiga e as fórmulas HA (hipoalergênicas), por exemplo, alimentos que não podem ser consumidos por crianças com alergia à proteína do leite de vaca (APLV). Outro ponto importante é dissociar a alergia de intolerância, pois atualmente temos muitas padarias e restaurantes funcionais que se denominam isentos de leite, porém eles usam a manteiga que possui proteínas do leite e não pode ser consumida por crianças com APLV, em quase todas as preparações.
Outro fator de confusão é decorrente das propriedades normais dos alimentos, por exemplo: mamão é uma fruta laxativa e solta o intestino, portanto, se uma criança com alergia alimentar consumir um mamão e as fezes ficarem amolecidas não podemos dizer diretamente que foi uma reação alérgica ao mamão, pode ter sido apenas porque ele é laxativo.
Já o feijão pode aumentar a produção de gases, pois é um alimento fermentativo, desta forma, pessoas que apresentam cólicas e distensão abdominal após comer feijão não são alérgicas a esse alimento, os sintomas normalmente são decorrentes dos compostos fenólicos que ele possui, por conta desses compostos serem desprendidos na água, orienta-se que o feijão deva ficar de molho da noite para o dia (em torno de 10 horas) e que a água seja trocada antes de cozinhá-lo.
Alguns alimentos são liberadores de histamina como o morango, o kiwi e o tomate.Uma criança alérgica normalmente tem seus mastócitos (células de defesa do organismo) cheias de histamina, substância que quando cai na corrente sanguínea provoca os sintomas alérgicos (edema dos olhos e lábios, pápulas vermelhas na pele, coceira, dificuldade para respirar, etc). Desta forma, se uma criança alérgica consumir esses alimentos a membrana dos mastócitos poderá se romper liberando mais histamina na corrente sanguínea e acarretar a reação, mas não podemos afirmar imediatamente que foi uma reação alérgica ao morango por exemplo, pode ter sido apenas porque ele é liberador de histamina. Nesses casos, se a criança consumir o morango em uma fase estável, em que não tenha tanta histamina em seus mastócitos, ela não apresentará reação.
Na vigência de sintomas sugestivos é preciso sempre considerar e investigar a hipótese de alergia alimentar. Porém, também é necessário lembrar que nem tudo é alergia!
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Escrito por Renata Pinotti CRN: 10.886 Nutricionista, Mestra em Nutrição Humana Aplicada pelo PRONUT/USP
Escrito por Renata Pinotti CRN: 10.886 Nutricionista, Mestra em Nutrição Humana Aplicada pelo PRONUT/USP
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